César Augusto do Nascimento Moura
Professor de Filosofia e Sociologia
Considerações Iniciais sobre o estado das coisas e a coisa do estado:
Sigamos nossos caminhos com dignidade e esperança, seduzindo pessoas e sendo seduzido por elas através da educação e ainda parafraseando Roland Bathes pelo caminho através das idéias que dão asas ao imaginário, que mais ou menos assim foram ditas por ele: "Sou um empreendedor de sonhos pela estrada da vida, pois, vivo num tempo onde ensino o que sei e o que eu não sei , aprendo. Se a vida ensina eu pesquiso-a como aprendiz. Talvez venha um tempo de desaprender as coisas ultrapassadas para aprenderem-se as novas. É preciso que haja a sedimentação dos saberes, das culturas e das crenças que atravessamos. É preciso a esperança de quem não acreditando mais em nado do que está aí, mostre até com um certo delírio uma ideia nova saindo dos seus lábios. Essa é uma experiência que acredito estar fora de moda – há quem diga que o marxismo é uma coisa velha – que revolução nunca mais haverá e nem existirá – talvez esteja fora de moda – mas há os que nasceram e se criaram para inventar moda! – acredito que esteja fora de moda, (mas) vejo-a na mente, na vertente “de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria e o máximo de sabor possível.” (Barthes, 1978:47)
Declarações a Partir de Agora
Vamos fazer Política! Educação serve para se fazer política. Vamos desconstruir e construir coletivamente um projeto de vida político e pedagógico na escola que seja bom para o mundo. Pablo Picasso disse de alguma forma e em algum momento que “a paz que se quer no mundo começa na escola”. Então vamos começar com as ideias boas que surgem na escola para tornar o mundo melhor, ou não, pois, nada do que está aí é um pouco ruim, tudo é péssimo! Na verdade é preciso dizer da escola o que devemos destruir e fazer o novo – o capitalismo precisa ser exterminado; a classe operária deve vencer a luta de classe e os trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo, o proletariado, devem fazer a revolução socialista. Parece brincadeira mas não é. O “impossível” é “possível”! Vivemos uma constante luta de classe, dois polos antagônicos, burguesia e pequena-burguesia de um lado e a classe operária do outro. É deste lado que devemos estar; na esquerda/marxista ao lado dos (as) operários (as).
Faltou dizer algumas coisas, algo que conjugasse Marxismo e Educação, faltou suscitar questões a partir das repercussões descritivas da análise feita pelo filósofo francês Louis Althusser e mais elementos para compreender melhor ou para aprofundar a discussão sobre a tendência “crítico-reprodutivista”, que faça perguntas sobre as interações das relações sociais, educacionais e o desenvolvimento dos processos de produção e reprodução social do conhecimento, e porque que a escola não é revolucionária?
Quatro grandes conclusões pode se tirar a partir das reflexões advindas desse texto sobre a escola da periferia. A primeira é que se a periferia não tomar a dianteira não sai revolução no mundo de hoje e tudo vai continua uma barra, cada vez pior. É preciso organização, planejamento, estudo e consciência, talvez não seja possível fazer um partido para chegar ao poder via eleição, mas se for por aí não adianta querer fazer nada, pois, não haverá mais campo para esse tipo de luta. Está concluído que são ilusões perdidas. Já caminhamos por aí e foi só fracasso.
A segunda conclusão que se chega é que a crise mundial que impulsionou o surgimento de governos nacionalistas e de centro-esquerda é agora o chicote que acelera os seus declínios. Abre-se uma etapa de transição. Os educadores não devem esperar por esses governos e devem sim exercer o protagonismo enquanto categoria, junto aos atores sociais oriundos da periferia e organizar política e pedagogicamente a mudança sem tutela da burguesia e da burocracia corrupta e bandida.
A terceira, é que as ferramentas para estruturar politicamente a periferia e desenvolver um reagrupamento e agrupamento de novos, preferencialmente jovens, socialistas e revolucionários são as intervenções decididas na luta contra as demissões e o subemprego, as suspenções das reduções salariais, com um programa anticapitalista e a sistemática delimitação política do nacionalismo burguês e pequeno burguês, mediante a agitação, a propaganda e a organização. Quem não conhece o marxismo vai ter que começar a ler e estudar!
A quarta mostra que a crise é mundial, que essa crise é da elite capitalista, das burocracias, do capitalismo, dos gerentes de “esquerda” do capitalismo. Eles sempre irão jogar a culpa nas costas da periferia; sempre irão dizer que as culpadas pela violência são as populações das periferias e suas escolas, pais e familiares que não educam direito. Eles não vão dizer que os problemas da periferia são os problemas das classes dirigentes que determinam até a roupa e a comida que as classes populares devem “consumir”. A Crise é Mundial e coloca na Agenda as seguintes questões: - “Quem Pagará pela Crise?” e “Quem Governa a Sociedade?” – A periferia, porém, a resposta efetiva só pode ser dada começando de um ponto de partida mundial. Nunca como agora a tarefa da periferia se mostrou tão nitidamente, isto é, construir uma alternativa internacional, pois, se a crise é mundial ela não pode ser combatida “num só país” e depois no outro, numa só comunidade e depois na outra. É preciso construir um programa e divulgar nessas periferias, utilizando as novas tecnologias de informação e comunicação como já havia falado Milton Santos.
A partir de agora II
A audiência pública da vereadora Dolores em 23/03/2011:
“Na luta contra o racismo, o silêncio é omissão”
(Jacques D’Adesky)
Nos últimos tempos a luta contra o racismo têm sido muito difícil devido ao “cala-boca” que algumas lideranças da micro pequena-burguesia negra recebe em são Leopoldo. Cargos insignificantes de 3º e 4º escalão, as vezes até estágios na administração publica local e somente isso. As ações do movimento negro que deseja todo o tempo fazer a formação da cultura negra nas escolas, secretarias, departamentos e autarquias não consegue colocar nenhum negro e nenhuma negra nos cursos de Pós-Graduação: especialização, mestrado e doutorado das universidades da região.
Estamos ás portas da copa do mundo de 2014, só para dar um exemplo de que eles não querem fazer nada pela juventude negra, enquanto está todo mundo se qualificando e se profissionalizando para atuar no grande evento cujas contratações começam agora, a juventude negra está alienada dentro de um concurso que ocorre uma vez por ano para ver quem é o mais bonito. Sempre é só um ou dois que ganham esta é a verdade, e o resto, certamente são todos feios? É um paradoxo típico do capitalismo e da hipocrisia. Outros estão maravilhados em poder entrar no Orfeu, um clube decadente da cidade do tempo do império. Só o negro que tem dinheiro pode pagar R$ 200 reais para dançar uma noite. Todos podem? Não existe politica de inclusão, emprego, trabalho e geração de renda para a juventude negra e mestiça na cidade. A politica do estado brasileiro na esfera local é praticamente nula.
O órgão que deveria elaborar políticas para a juventude negra virou um instrumento de festas, concursos de beleza, eventos carnavalescos e nada que promova a inclusão social da juventude negra. Nenhuma politica de trabalho e geração de renda, nada de empreendedorismo social e de cidadania, nada de convênios com as universidade e escolas de cursos técnicos, nada sobre o ENEM e o PROUNI. Esta administração está passando em branco em relação às políticas para a juventude negra.
Não sei como pretendem resolver isso, pois, agora o gabinete do prefeito vai patrocinar mais uma corrida aos cargos e não é no secretariado, no primeiro escalão. Tem uma assessoria lá em baixo, de promoção da igualdade racial, que não tem nem CC, conforme o prefeito, pois o negócio está sob a mira do tribunal de contas. Mesmo assim eles vão se digladiar por isso, para ver quem é mais “simpático” aos olhos da elite de governo toda de pele clara e de feições ariana. O governante já colocou os seus mocambos e mucamas fazerem o serviço de “puxa saco”, entre eles tem os que se dobram e se curvam e os que falam grosso e dividem a meia culpa com os brancos, seus sacerdotes, seguidores e fiéis. A população negra fica alienada e anestesiada e eles enchem os bolsos com as verbas públicas, os chefes políticos, tuteladores, exploradores e opressores.
A luta é maior do que pensam aquelas pessoas séria que não estão aí só para ganhar migalhas da mesa no momento mas que sonham com uma cidade e um mundo melhor no futuro. Sem racismo, sem exploração, sem hipocrisia e sem bandidos no poder. Aliás, precisamos acabar com o poder, com a política sem vergonha e capitalista e construir uma alternativa socialista, com igualdade de direitos e respeito.
Apesar de tudo, avançamos na garantia dos direitos através da legislação e da cultura de uma nova cidade e de uma nova sociedade, onde aqueles e aquelas que sempre viveram estereotipados (as) e à margem dos benefícios sociais possam respirar aliviados, pois, existem muitas pessoas sérias no movimento negro que está fora das manipulações dos chefes e donos da política, e também não compactua com os bajuladores que nas épocas das eleições boicotam as candidaturas negras e se lambuzam com as benesses das brancas, fazendo a farra com o dinheiro jogado sem nem saber de onde vem.
Infelizmente a sociedade nega ainda o direito de redenção e protagonismo das populações negras, inclusive gestores públicos que promovem a exclusão com requintes de crueldade, pois, vivemos numa sociedade de classes sociais onde o negro está subalterno e inferiorizado pela elite dominante que detém os cargos políticos todos da cidade, isto é, do estado em suas mão e nunca vão abrir mão disso. os negros que tirem o cavalinbo da chuva, pois, eles não vão abrir mão dos 100% no secretariado, nas cadeiras do parlamento e nas prefeituras. A possibilitade de um verador abrir mão para um de seus subalternos negros é seguramente nula. Nunca vai acontecer. Isso é luta de classe, nunca irão colocá-los nos mestrados e doutorados das universidades da região.
Sabemos, no entanto, que o combate às discriminações e ao racismo, sobretudo no âmbito escolar e da juventude é uma questão vital, principalmente hoje que ditaduras criminosas e governos incompetentes estão caindo por todo o mundo. É preciso mais do que saber e lutar. É chegada a hora de a discussão ultrapassar o âmbito institucional – senão o movimento vai sempre ficar a refém de articuladores de estilos nazistas/fascistas. É preciso levar a discussão para as ruas, praças, escolas e sociedade em geral, de maneira que se possa formular um projeto educacional que tenha tópicos transversais que mobilize as diretrizes e ações dos diferentes seguimentos sociais nesse processo.
Precisamos formatar um projeto educacional sério e de respeito que seja orientado por que tenha habilidade, competência e conhecimento. Não podemos deixar essa tarefa para qualquer “fanfarrão” de gabinete. A escola tem que ser um lugar protegido e sagrado. É preciso construir um amplo debate na comunidade escolar, onde o protagonismo dos educadores (as), isto é professores e professoras do movimento negro que tenham demostrado desde a sua graduação interesse pela luta e redenção das populações negras deste país.
As crianças, a escola e o currículo escolar, integram um processo e um Projeto Político Pedagógico que merece toda a atenção e carinho do movimento negro. As pessoas mais competentes e com formação adequada pedagogicamente serão indicadas pelo movimento para realizar essa tarefa tão importante. Que o trabalho seja holisticamente falando, solidário e generoso com a promoção da igualdade racial com o protagonismo das culturas negras e indígenas; que não reflita apenas a vontade de uma minoria que simplesmente desconsidera a cultura negra e ou indígena e que está no processo só para ganhar dinheiro, mas que respeite a luta dos povos e nações, a evolução dos movimentos da juventude, entre outros, o movimento feminista, a mulher negra e indígena, a questão dos gays e lésbicas e assim por diante.
Este texto vem sem rodeios, de quem que não é branco e nem franco; mas é direto e objetivo sem firulas – o momento é sério, importante e vital para o movimento negro – Então vem com este propósito: subsidiar, intensificar e chacoalhar a luta do movimento na condução de um tema de fundamental importância para qualquer cidade e ou lugar que tenha como horizonte o respeito por todos e todas e a justiça social.
A audiência pública (23/03/2001) promovida pela vereadora Dolores de São Leopoldo que num primeiro momento tinha o objetivo de promover uma reflexão sobre o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Teve desdobramentos interessantes. ““Após algumas personalidade fazerem a costumeira “meia culpa”, chegou a vez dos negros dizerem que “eles também são culpados”,” por não se organizarem” e por “ficarem brigando entre eles”. Foi um retrocesso enorme, pois, teve negro dizendo estar dando “puxão de orelha” no “movimento negro” e outros dizendo que “aceitavam os puxões de orelhas”. É bom lembrar que essa história de “orelha” é triste e complicada, pois, o ato dos ativistas do gabinete da vereadora fez relembrar um fator dramático para negros e índios em Santa Catarina, Paraná e RS algum tempo atrás, pois, os Capitães do Mato e os Bugreiros, quando não conseguiam levar suas presas por motivos de morte e assassinato eles cortavam as orelhas das vítimas e levavam para receber o pagamento dos seus patrões e donos.
Esperamos que todos e todas tirem o melhor proveito deste texto e no final da leitura tenha em mente a importância do debate e o importante significado da palavra LIBERDADE DE EXPRESSÃO; o negro também tem o direito de opinar sobre as coisas do mundo e do cotidiano, tem direito de pensar e publicar as suas ideias. Este texto é importante para apontar as conttradições da democracia, para o debate dos movimentos sociais, a igualdade de direitos que evidentemente passa pela igualdade de oportunidades, independente de cor, raça, gênero, orientação sexual, credo e pensamento e partido político. Ele está aqui para dizer que existe luta de classe, capitalismo, currupção, individualismo, tristeza e angústia e que só a classe operária organizada e consciente pode acabar com esse sofrimento
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